Sempre terei muito o que compartilhar, mas o tempo é que dirá como chegarei ao final desta prova, pois, ela ainda continua. Como Deus falou-me, sou uma guerreira e vou enfrenta-la. Não a enfrentei só, muitos compartilharam de minha dor e alegrias. Agradeço a minha mãe, meus filhos, irmãos, pai, irmãos de fé, e amigos da vida, aos desconhecidos, aos voluntários, as equipes médicas dos hospitais: Regional de São José, hospital Celso Ramos, Florianópolis. A todas as voluntárias no hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis, a toda equipe de enfermagem da oncohematologia, a toda equipe chefiada pela Dr Denise, as pedagogas, psicólogas e a psicopedagoga Lucimara. Registro o meu carinho às mães e pais que juntos, participamos os momentos de dor e sofrimentos com nossos filhos, guerreamos, ninguém perde nesta batalha, vejo somente vencedores. Muitas crianças não estão mais entre nós, são anjos na presença de Deus, outras ainda estão lutando, CORAGEM.
Nossa família teve a oportunidade de amar e sermos amados, por um ser muito especial, uma pequena grande mulher, de nome Maicha, que nos seus um ano e nove meses, deixou em nossos corações um rastro de amor, um perfume de flor, e a sua essência, ainda está entranhada em minha lembrança, a sua voz, cantando a melodia que lhe ensinei, ainda ouço o seu hum,hum,hum,hum…, o ritmo e finalizando com ameim, acompanhando os sons com os respectivos gestos, saudades. Agradeço a seus pais, pelo amor compartilhado, ali em meio a todo o sofrimento vivido. Quando vejo sua imagem acenando, ainda chora a minha alma, mas sei que um dia a verei, quando chegar na presença de meu Rei e Salvador. Foram tantos que seria difícil mencionar, mas uma voluntária, todas as tardes, chegava ao hospital para abraçar, tratar e cuidar do pequenino abandonado em um leito só, sem carinho materno e lá estava ela confortando e acariciando, até o dia em que Deus, o chamou.
Quantas histórias vividas e quantos privilégios, quantas alegrias em meio à tristeza. Ei você Dr Thiago, que com seu amor e presteza arrancava meu filho da apatia, chamando-lhe de “mala” e interagindo, muito obrigada.
Dr Daniel, o nosso Deus é bom, somos gratos porque você amou, estudou e trabalhou, foi bom te encontrar no caminho da vida. Dr Lincom, lembro-me de você ao lado do leito de meu filho, com uma linguagem bem infantil, lhe explicar sobre os soldadinhos, maus e os bons, que estavam batalhando em seu corpo. Fui orientada a não usar a palavra câncer.
Deus coloca anjos ao nosso redor, um deles se chama Sônia, foi uma pessoa especial nesta jornada, através de sua voz pude ouvir Deus de maneira muito transcendental.
A morte não é o final, a vida continua, a semente morre para dar lugar a grande árvore em que muitos se abrigarão.
Encerro em 25 de novembro de 2008, final de tempestade em São José, o sol volta a brilhar depois de muitos dias de chuva, aproximadamente 40 dias